El Baradei regressa ao Egito para participar nas manifestações
O reformista El-Baradei decidiu regressar ao Egito para participar nas manifestações contra o regime de Mubarak Wikimedia Commons
No Egito, um dos mais destacados opositores do Presidente Hosni Mubarak prepara-se para subir ao palco. Mohammed El-Baradei regressa ao seu país de origem para participar na vaga de manifestações contra o regime. O homem que no passado chefiou a Agência Internacional de Energia Atómica e foi distinguido em 2005 com o prémio Nobel da Paz, tem vindo a encorajar os manifestantes com mensagens colocadas na rede social do twitter.
A presença de El-Baradei já nos protestos marcados para amanhã foi confirmada à imprensa pelo seu irmão Ali, e mais tarde pelo próprio, que, da sua residência em Viena, declarou ser tempo de o Presidente Mubarak deixar o poder.
"É tempo de Mubarak se reformar"“Ele já serviu o país durante 30 anos e é tempo de se reformar”, disse El Baradei à Reuters. “Amanhã haverá, julgo eu, uma grande manifestação e eu estarei lá com eles”.
O prémio Nobel referia-se aos protestos planeados para terem lugar após as orações de sexta-feira. O maior grupo da oposição, a Irmandade Muçulmana, apelou aos seus seguidores para que se manifestem por todo o Egito, sendo a primeira vez que a organização pede aos seus apoiantes para saírem a rua.
A insurreição popular que depôs o presidente da Tunísia inspirou as populações de outros Estados árabes com regimes autoritários.
Desde há dois dias que no país de Mubarak se assiste a várias manifestações reprimidas pelas autoridades, à custa de bastonadas, canhões de água e gás lacrimogéneo. Centenas de pessoas já foram detidas e as autoridades avisaram que não tolerariam a continuação dos protestos.
Vaga de manifestações continuaQuarta-feira à noite, populares que protestavam contra a morte de três manifestantes, ocorrida na véspera, incendiaram um edifício governamental e uma esquadra de policia em Suez, e tentaram também pegar fogo a instalações do partido governamental.
Esta manhã a Bolsa do Cairo esteve fechada, depois de uma forte queda das ações lá representadas. Acabaria por reabrir uma hora depois, mas entretanto, uma vaga de mensagens na rede social Twitter apelava a uma marcha para esta tarde em Gizé, uma área da capital.
El Baradei lançou, no ano passado, uma campanha a favor da mudança no Egito, e os seus apoiantes esperavam que a notoriedade de que goza a nível internacional pudesse galvanizar a oposição ao regime.
Desde então o Nobel tem sido alvo de críticas por parte de ativistas que o acusam de passar mais tempo no estrangeiro do que no seu país de origem.
El Baradei justifica a ausência com o facto de ser mais útil à oposição no estrangeiro, onde desfruta de liberdade de expressão nas suas críticas ao presidente Mubarak.
"Volto porque não há alternativa"Agora, ao decidir por fim regressar declarou a um site noticioso dos EUA, “Volto ao Cairo e às ruas porque não há de facto nenhuma alternativa. Trata-se de sair à rua com toda esta enorme quantidade de gente e esperar que as coisas não deem para o torto, mas, até agora, o regime não parece ter compreendido a mensagem”, disse.
Nos anos noventa Hosni Mubarak teve de enfrentar uma insurreição islamista que acabou por ser esmagada pelo seu vasto aparelho de segurança. No entanto esta é a primeira vez desde que subiu ao poder que se vê forçado a enfrentar protestos generalizados por parte da população, a maior parte da qual tem menos de 30 anos e enfrenta um altíssimo índice de desemprego.
Embora estejam planeadas eleições presidenciais para setembro, a maioria dos egípcios acredita que Mubarak se prepara, aos 82 anos para permanecer no poder, ou para entregar as rédeas do Governo ao seu filho Gamal, atualmente com 47 anos. Tanto o pai como o filho desmentem que esteja a ser tentada uma “sucessão presidencial”.
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