quinta-feira, 10 de março de 2011

Hipótese de intervenção de árabes na Líbia ganha força

Diante da falta de consenso, reunião da Otan termina sem que ação militar seja autorizada

11 de março de 2011 | 0h 00

Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo
 
Uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) terminou ontem sem que uma intervenção militar na Líbia fosse aprovada. A ausência de acordo na Otan e na Comunidade Europeia sobre a criação de uma zona de exclusão aérea e a dificuldade em extrair a aprovação do Conselho de Segurança à ação militar fizeram com que ganhasse peso uma solução exclusivamente árabe.
A criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia pela Liga Árabe também não é questão de consenso entre seus membros. Síria e Argélia resistem. A organização deverá se reunir amanhã, no Cairo, para tratar da proposta. A entidade pretende atrair suficiente apoio da comunidade internacional para legitimar sua ação militar na Líbia. A Organização da Conferência Islâmica garantiu seu suporte no caso de o ataque das forças de Muamar Kadafi no norte do país continuar, mas a União Africana rejeitou a adoção de qualquer ação militar e formou uma comissão para tratar da questão.
Relações suspensas. Ontem, no Congresso , a secretária de Estado Hillary Clinton, anunciou uma inesperada viagem ao Egito - sede da Liga Árabe - e à Tunísia entre os dias 15 e 17. "Nós estamos suspendendo nossas relações com a atual representação diplomática da Líbia, então esperamos que eles terminem as operações como embaixada", afirmou Hillary. Ela acrescentou que pretende se reunir com representantes dos rebeldes líbios.
Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, reiterou ontem que não há a possibilidade de se adotar a zona de exclusão aérea sem "claro mandato" do CS da ONU. A resistência da Otan reflete o temor de a internacionalização do conflito na Líbia provocar reações violentas de radicais islâmicos na Europa e no mundo árabe. Essa é a real preocupação de países como a Alemanha, cuja posição impediu ontem o consenso em torno da intervenção militar. "Uma coisa é clara para o governo alemão: nós não queremos ser sugados para uma guerra no Norte da África", afirmou o chanceler Guido Westerwelle.
França e Grã-Bretanha mostram-se menos ciosos desses riscos. Seus ministros pressionaram na reunião de ontem da Otan pela adoção da zona de exclusão aérea e atuam nos bastidores do CS para obter o apoio de seus membros - sobretudo da Rússia e da China - a um projeto de resolução. Os EUA também tentam convencer esses dois países, ambos com direito de veto.
Segundo Richard Weitz, diretor do Centro para Análises Político-militares, os EUA preferem usar meios militares para levar ajuda humanitária às regiões tomadas pelos rebeldes. "A zona de exclusão aérea seria uma solução rápida para esse conflito. Mas, sem acordo possível na Otan, a saída é manter a pressão sob Kadafi para forçá-lo a cair", afirmou. "Outra saída é negociar, oferecer vantagens e facilidades para Kadafi e sua família se exilar na Venezuela ou na Nicarágua."

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