sexta-feira, 13 de julho de 2012

Enviado da ONU condena ataque que pode ter matado 200 pessoas na Síria (Postado por Lucas Pinheiro)

O mediador internacional Kofi Annan disse nesta sexta-feira (13) que as forças sírias usaram armas pesadas contra o vilarejo de Treimsa, local de um massacre que pode ter matado 200 pessoas em uma região controlada por rebeldes antigoverno de Hama, em violação aos compromissos do plano de paz da ONU.

Em comunicado em que condena as "atrocidades", Annan, enviado da ONU e da Liga Árabe para o conflito na Síria, demonstrou indignação com os "combates intensos, número significativo de mortes, e o uso confirmado de armas pesadas como artilharia, tanques e helicópteros".


Observadores da ONU na Síria estão prontos para ir à localidade para verificar os fatos in loco "se e quando as circunstâncias permitirem", mas precisam da garantia de liberdade de movimentação para fazer o seu trabalho, disse ele.

A ofensiva, ocorrida na véspera, pode ter matado entre 150 e 200 pessoas na localidade, segundo a oposição síria.

A oposição apelou para que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução vinculante contra o regime do contestado presidente Bashar al Assad por conta do incidente.

Por sua vez, a Irmandade Muçulmana da Síria acusou o emissário internacional Kofi Annan, assim como o Irã e a Rússia, dois aliados do regime de Assad, de serem os "responsáveis", devido a sua falta de ação em relação à crise política síria.

"Deter esta loucura assassina que ameaça a instituição da Síria, a paz e a segurança na região e no mundo, requer uma solução urgente e forte do Conselho de Segurança sob o capítulo VII (da Carta da ONU) que proteja o povo sírio", indica o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão opositora.

O capítulo VII da Carta das Nações Unidas prevê medidas coercitivas no caso de uma ameaça contra a paz, que podem ir de sanções econômicas até o uso da força militar.

"Consideramos que os países membros do Conselho de Segurança têm a responsabilidade total da proteção dos sírios indefesos e do fim destes crimes odiosos", acrescenta o CNS, afirmando que o massacre é "o mais infame dos genocídios cometidos pelo regime sírio".

'Grupos terroristas'
As autoridades sírias atribuíram o massacre em Treimsa a "grupos terroristas", assim como aos "meios de comunicação sedentos de sangue", segundo a agência oficial Sana.

"Os meios de comunicação sedentos de sangue em cooperação com os grupos terroristas armados cometeram um massacre entre os habitantes da aldeia de Treimsa, na região de Hama, para tentar mobilizar a opinião pública contra a Síria e seu povo e provocar uma intervenção estrangeira na véspera da reunião do Conselho de Segurança" da ONU, afirma a Sana.

Os meios de comunicação "estavam em pé de guerra em Istambul, Paris, Londres, Bruxelas e Berlim, e em outros locais para esta campanha de incitação contra a Síria e para jogar com o sangue sírio", acrescentou a Sana.

As autoridades sírias criticam regularmente os canais via satélite árabes Al-Jazeera e Al-Arabiya, acusando-os de fazer o jogo de países do Golfo, como Qatar e Arábia Saudita, opostos ao regime.

'Cessar-fogo'
Os observadores da ONU estão dispostos a ir à localidade de Treimsa, se houver um cessar-fogo, disse o chefe da missão, o general Robert Mood.

"Se houver um verdadeiro cessar-fogo, a missão está disposta a ir lá e verificar os fatos", disse o general em um comunicado em Damasco.

"Como vocês sabem, a missão suspendeu suas operações devido ao nível inaceitável de violência no local (...) No entanto, os observadores permanecem mobilizados nas diferentes províncias, podem ir ver o que ocorre nos arredores e estão em contato com as partes", disse.

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