Exército do Egito, entre benesses e incerteza
Analistas afirmam que a estratégia é um sinal de que o aparato policial, controlado pelo Ministério do Interior, falhou. Mas, apesar de leal ao regime, a alta cúpula do Exército tem se mostrado descontente com a possibilidade de que Mubarak indique seu filho, Gamal, um tecnocrata, à sucessão presidencial, criando pequenos rachas numa parceria construída através de incentivos financeiros.
- De um lado, os militares não gostam da ideia de Gamal Mubarak no poder e, do outro, não querem desafiar o regime que lhes fez enormes concessões, dando incentivos como saúde e educação a uma classe humilde.
Essa, aliás, é uma reivindicação da oposição, o fim das benesses aos militares - explicou ao GLOBO o cientista político Mustapha Kamal al-Sayyid, da Universidade do Cairo.
Entre o conforto adquirido na ditadura e a incerteza de dias melhores - ou não - com uma eventual democratização, o posicionamento dos militares será a chave para o destino do governo.
Para manter o 10 maior Exército do mundo, cujo efetivo total pode chegar a mais de 900 mil homens, o Egito conta com uma ajuda americana anual de US$ 1,3 bilhão - tornando mais delicada a tarefa de tomar partido, num momento em que os EUA reprimem Mubarak publicamente.
A crise, aliás, eclodiu às vésperas da reunião anual de cooperação entre os dois países. Na sexta-feira, em Washington, o chefe do Estado-Maior, general Samy Enan, preparava-se para encontros de alto nível no Pentágono, mas foi obrigado a retornar ao Cairo.
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