Tunísia lembra início da revolução há um ano que derrubou Ben Ali (Postado por Lucas Pinheiro)
Ao amanhecer, milhares de pessoas procedentes de várias cidades do país se uniram aos habitantes de Sidi Buzid, uma zona pobre do centro-oeste da Tunísia onde o jovem Mohammed Buazizi ateou fogo em si próprio no fim de 2010.
Naquele dia 17 de dezembro, pouco antes do meio-dia, ocorreu uma discussão entre Mohammed Buazizi, de 26 anos, vendedor ambulante não autorizado, e Fayda Hamdi, agente municipal de 45 anos, que confiscou suas mercadorias. Duas horas mais tarde, o jovem ateou fogo em si mesmo em frente à prefeitura de Sidi Buzid, e as primeiras manifestações tiveram início.
Os protestos, que inicialmente tomaram apenas as ruas da cidade, posteriormente se estenderam a todo o país, criando um movimento que no dia 14 de fevereiro obrigou o presidente Zine El Abidine Ben Ali a abandonar a Tunísia após 23 anos no poder.
A revolução tunisiana inspirou outros povos da região, como Egito ou Líbia, que também derrubaram seus líderes.
"Obrigado a esta terra, marginada durante séculos, por ter devolvido a dignidade a todo o povo tunisiano", disse o novo presidente, Moncef Marzuko, ao se unir ao povo no centro da cidade.
O centro de Sidi Buzid estava decorado com bandeiras tunisianas, retratos de vítimas da revolução e uma foto gigante de Buazizi. Militantes de direitos humanos tunisianos e de outros países árabes e membros da Assembleia Constituinte utilizaram o microfone para homenagear todos os mártires da revolução.
"Olho ao redor e vejo na multidão muitos jovens que desafiaram as balas da polícia de Ben Ali no ano passado para defender os valores da liberdade e da dignidade", disse à AFP Sabrine Ammari, uma ativista pró-direitos humanos.
Nas manifestações que levaram à queda de Ben Ali morreram cerca de 300 pessoas, segundo números da ONU.
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