quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Número de mortos em meio a crise política chega a 4 na capital do Egito (Postado por Lucas Pinheiro)

 Os violentos confrontos entre opositores e partidários do presidente do Egito, Mohamed Morsi, deixaram pelo menos 4 mortos e 350 feridos até a madrugada desta quinta-feira (6), em meio a disparos de armas de fogo e coquetéis molotov lançados na zona do Palácio Presidencial no Cairo, aprofundando a crise política no país.

Três manifestantes foram mortos por disparos de armas de fogo na região do Palácio, no bairro de Heliópolis, informou na madrugada desta quinta-feira o chefe dos serviços de segurança, Mohamed Soltane.

A quarta vítima morreu no hospital Machiyet el-Bakri após receber um disparo de escopeta no peito, segundo o diretor do centro médico, citado pela agência oficial Mena.

Os manifestantes de ambos os lados permanecem na zona do Palácio Presidencial, apesar dos apelos do primeiro-ministro, Hicham Qandil, e da Irmandade Muçulmana, grupo ligado a Morsi.

A polícia de choque conseguiu estabelecer um cordão de isolamento entre os manifestantes dos dois lados diante do Palácio Presidencial, mas os confrontos prosseguem nas ruas adjacentes.

 Milhares de partidários de Morsi haviam expulsado mais cedo os opositores que estavam diante do Palácio Presidencial, no segundo dia de manifestações sem precedentes desde a revolta de 2011 que derrubou Hosni Mubarak, mas a multidão contrária ao presidente retornou ao local .

Os partidários do presidente islamita, convocados a se manifestar pela Irmandade Muçulmana, jogaram pedras e obrigaram os opositores a abandonar o lugar, após a oposição mobilizar milhares de pessoas na terça-feira em frente ao Palácio, no bairro de Heliópolis, para denunciar a ampliação dos poderes de Mursi e o referendo sobre o projeto de Constituição.

Mohamed ElBaradei, chefe da Frente de Salvação Nacional (FSN), culpou Morsi pelas hostilidades desta quarta-feira e disse que "o regime perde legitimidade dia após dia".

"Não participaremos de nenhum diálogo enquanto não for anulada a declaração constitucional (...). A revolução não foi feita para isso, foi feita por princípios, pela liberdade e pela democracia", disse ElBaradei, referindo-se à revolta popular que pôs fim ao regime de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011.

"O presidente Morsi tem que ouvir ao povo, que tem uma voz clara e forte. Não há legitimidade na exclusão da maioria do povo, não há legitimidade no fato de deixar um grupo dominar o povo egípcio', destacou ElBaradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e prêmio Nobel da Paz.

Em Bruxelas, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, considerou que os "distúrbios que acontecem atualmente demonstram a necessidade urgente de um diálogo" entre as partes rivais.

Até então, os dois lados haviam se manifestado em locais e momentos diferentes, a dez dias de um polêmico referendo sobre o novo projeto de Constituição, que exacerbou as divisões no Egito.

Nesta tarde, o vice-presidente egípcio, Mahmud Mekki, anunciou que o referendo previsto para o dia 15 de dezembro será mantido, apesar dos protestos.

A consulta será realizada "na data prevista", afirmou Mekki à imprensa. Ele pediu que a oposição deixe por escrito as suas críticas para que possam ser examinadas.

Os manifestantes que exigem a saída de Mursi haviam derrubado as grades de proteção instaladas em torno do prédio, e a polícia de choque tentou dispersar os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo, mas não conseguiu.

Centenas dentre eles pernoitaram em frente ao palácio Ittihadiya, que estava com seus muros cobertos com pichações anti-Morsi.

No entanto, o presidente voltou para o local nesta manhã para trabalhar, segundo um de seus conselheiros.

As manifestações de terça são as maiores de uma série de protestos contra Morsi, o primeiro chefe de Estado civil e islamita eleito em junho passado.

Confrontos e protestos também ocorreram em outras importantes cidades, como Alexandria (norte), assim como nas províncias de Minya e Sohag (centro).

Os adversários de Morsi denunciam a guinada autoritária do presidente e pedem a anulação do decreto que amplia consideravelmente seus poderes.

Também protestam contra um projeto de Constituição, que será submetido a referendo em 15 de dezembro, porque consideram que abre caminho para uma aplicação ainda mais rígida da lei islâmica e não dá garantias suficientes para proteger os direitos fundamentais, entre eles a liberdade de expressão.

Centenas de outros opositores de Morsi passaram a noite na Praça Tahrir, em dezenas de barracas montadas no dia 23 de novembro.

O presidente egípcio assegura que estas medidas são destinadas a acelerar a transição democrática, e insiste que seus poderes excepcionais, que devem terminar com a aprovação da Constituição, são apenas 'temporários'.

A Frente de Saudação Nacional - coalizão de partidos e movimentos de oposição dirigida pelo ex-chefe da AIEA Mohamed ElBaradei e pelo ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa - exige que Mursi anule o decreto e o referendo. Ela pede a formação de uma nova comissão constituinte mais representativa da sociedade, já que a atual é dominada por islamitas.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Partidários e opositores do presidente se enfrentam no Cairo (Postado por Lucas Pinheiro)

 Partidários e opositores do presidente islamita egípcio Mohamed Morsi entraram em confronto nesta quarta-feira (5) diante do palácio presidencial, em mais uma etapa na escalada da tensão no país.

Partidários de Morsi derrubaram tendas erguidas na véspera por oposicionistas, que pernoitaram no local, e grupos jogaram pedras e paus uns contra os outros.

Os oposicionistas foram expulsos do local.

 A oposição, que protestava desde terça diante do palácio, denuncia uma "guinada autoritária" do presidente e pede a anulação do decreto que amplia consideravelmente seus poderes.

Os opositores também protestam contra um projeto de Constituição, que será submetido a referendo em 15 de dezembro, porque consideram que abre o caminho para uma aplicação ainda mais rígida da lei islâmica e não dá garantias suficientes para proteger os direitos fundamentais.