sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Todos contra Mubarak

 
Edição de sábado, 29 de janeiro de 2011 
 
Na ´sexta-feira da Ira`, 1 milhão de egípcios saem às ruas para exigir fim do governo. Polícia mata 29 pessoas

Brasília - O corpo de um dos 29 manifestantes mortos ontem em Suez é carregado pelas ruas da cidade, enquanto a multidão furiosa grita ´Vocês mataram meu irmão!`. Cinco civis morrem no Cairo. Carros blindados do Exército ocupam o centro da capital, em meio a rajadas de metralhadora. A polícia de Alexandria não suporta a pressão e abandona a cidade, diante de 500 mil egípcios enfurecidos. Em Dumyat, uma multidão incendeia o quartel-general das forças de segurança.

O Egito viveu ontem um dia histórico. Mais de 1 milhão de pessoas tomaram as ruas das principais cidades para exigir a renúncia do presidente Hosni Mubarak, enquanto Mohammed ElBaradei, ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Prêmio Nobel da Paz, era colocado sob prisão domiciliar. As autoridades impuseram toque de recolher, entre 18h e 7h, para o Cairo, Alexandria e Suez. De nada adiantou. A medida já estava em vigor quando os opositores atearam fogo à sede do Partido Democrático Nacional - de Mubarak - e em carros blindados do Exército. Até o fechamento desta edição, pelo menos 36 pessoas tinham morrido, 29 apenas ontem, e 1,1 mil haviam ficado feridas.

Às 20h15 de ontem (hora de Brasília), Mubarak falou à nação. Ele assegurou ter demitido o governo e prometeu ainda mais liberdade aos cidadãos, mas disse que as forças de segurança continuarão a agir para ´garantir a segurança e evitar o caos no país`. Um novo gabinete deve ser formado ainda hoje.

Da Praça Tahrir, no centro do Cairo, a egípcia Rowand Helmii, de 20 anos, falou ao Correio Braziliense/Diario por meio de um telefone via satélite do Catar - o governo cortou a conexão da internet e obrigou as operadoras de celular a suspenderem seus serviços. ´A polícia está utilizando munição real contra as pessoas. Vi duas pessoas serem mortas na minha frente`, relatou a ativista política e blogueira, aparentando muito nervosismo.

´Ninguém vai escutar (as autoridades) até que Mubarak deixe o poder`, acrescentou. Rowand conta que os protestos tiveram início por volta das 13h. ´Ainda dentro das mesquitas o pessoal começou a se mobilizar e, depois das orações de sexta-feira, todos os muçulmanos saíram às ruas`, disse. Ela também revelou que foi presa na quinta-feira e, apesar de ter passado a noite na cadeia, decidiu se levantar contra o presidente. ´Mubarak é um ditador. Ele usa as pessoas`, desabafa. A blogueira não crê no fim imediato dos protestos. ´Se desistirmos agora, seremos massacrados. Todos os egípcios, inclusive os feridos, deveriam se orgulhar do que está acontecendo. Somos mais fortes que tudo isso`, conclui.

Violência extrema contra protestos
A agonia de um faraó

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