domingo, 17 de julho de 2011

Calote da dívida dos EUA põe em risco economia mundial

 Os EUA podem suspender o pagamento de suas dívidas com o mercado mundial a partir de 2 de agosto por terem atingido ao limite máximo de endividamento do país, US$ 14,9 trilhões.  O Fundo Monetário Internacional (FMI) já advertiu que esta segunda grande onda da crise econômica que abala os países ricos do mundo seria uma espécie de “choque global”. (OM)
 Os Estados Unidos estão avançando para um calote sem precedentes em suas dívidas com o mercado. Na noite da última segunda-feira (11/8)  terminou sem resultado prático uma reunião na Casa Branca entre o presidente Barack Obama, o vice Joe Binden e oito parlamentares do Congresso dos EUA, entre eles o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner.
O governo quer passar a trabalhar sem o teto de US$ 14,9 trilhões de endividamento máximo – que será atingido em 2 de agosto. A partir dessa data, pelas regras atuais, a administração americana não disporá de mais recursos para saldar seus compromissos como, por exemplo, o resgate de títulos em poder de investidores do mundo inteiro.
O Congresso dos EUA, porém, não aceita liberar o governo do teto de endividamento sem obter, em troca, medidas para aumentar a arrecadação fiscal e cortar os gastos públicos. O máximo que a reunião da Casa Branca produziu foi a marcação de uma nova reunião. “O presidente estava visivelmente frustrado”, disse um dos participantes ao jornal “USA Today”.
A exigência dos parlamentares para ampliar o teto de endividamento dos EUA é a de um programa federal que aumente em US$ 1 trilhão a arrecadação e reduza em US$ 3 trilhões os gastos do governo, especialmente os sociais.
 O problema é que as promessas neste sentido de Obama e Biden não estão convencendo os republicanos, que se recusam a liberar mais dinheiro para o governo enfrentar os compromissos já assumidos. O impasse, se permanecer, levará ao calote a partir de 2 de agosto.  A perspectiva do não pagamento de dívidas pelo governo da maior economia do mundo está elevando a tensão na alta cúpula da economia mundial.
“Eu não posso imaginar por um segundo que os Estados Unidos possam dar um calote”, disse ao “The Wall Street Journal “ a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. “Isso seria um verdadeiro choque e uma má notícia para a economia dos EUA".
Para ela, o calote americano "certamente comprometeria a estabilidade" da economia global. "Espero que haja inteligência suficiente dos dois partidos e compreensão do desafio que está à frente dos Estados Unidos, mas também do resto do mundo", declarou.
Bernanke e Lagarde: default coloca em risco economia mundial
O presidente do Banco Central dos EUA, Ben Bernanke, afirmou nesta quarta-feira (13/8), por sua vez,  que o  não pagamento da dívida dos Estados Unidos provocará  uma "grande crise" que repercutiria na economia mundial, segundo explicou na Comissão de Finanças da Câmara de Representantes. O limite da dívida foi alcançado em maio deste ano e desde então, o governo não pode mais aumentar seu endividamento.
Se os Estados Unidos não aumentarem o limite máximo de endividamento antes de 2 de agosto, serão obrigados a não honrarem seus compromissos, "levando o sistema financeiro ao caos, afetando muito a economia mundial", afirmou  Bernanke.
Ele se referia ao fato de os títulos dos Tesouro americano serem considerados no mundo todo um investimento quase tão seguro quanto o ouro. Bernanke advertiu que um default do Tesouro americano teria consequências dramáticas para a economia dos EUA e do mundo.
 “Isto pode causar problemas enormes: as taxas de juros começariam a subir na medida em que os credores questionassem a capacidade do país de pagar as dívidas, o que enfraqueceria a nossa economia e aumentaria ainda mais o déficit".
Acrescentou que "os dados mais recentes da economia mostram a persistência da fragilidade do mercado de trabalho, mas os fatores que contribuíram para a desaceleração da recuperação no primeiro semestre, principalmente o avanço da inflação, devem ser temporários", disse Bernanke.
Já a nova chefe do FMI, Christine Lagarde, também afirmou domingo passado (10/8) que um eventual não cumprimento, ou default (não pagamento), por parte dos Estados Unidos em relação a seus compromisso de dívida poderá colocar em risco a estabilidade da economia mundial, e pediu aos políticos americanos que cheguem a um acordo sobre o orçamento.
"Isso, sem dúvida, vai de encontro ao propósito e missão do Fundo Monetário Internacional. Por isso estamos preocupados", enfatizou. Se os políticos americanos não conseguirem um acordo, será "um grande golpe para os mercados de ações e terá consequências muito feias, não apenas para os Estados Unidos, como para toda a economia em geral, porque os Estados Unidos são um ator muito importante e afeta muito a outros países", explicou.
"Não posso imaginar nem por um segundo que os Estados Unidos caiam em default", concluiu.
Vejam o vídeo “A Doutrina do Choque”, imperdível apesar de longo
 Deutsche Welle: Obama exige solução do Congresso

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