terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Milhares protestam na Síria no início de visita de monitores (Postado por Lucas Pinheiro)


Ao menos 20 mil pessoas se reuniram em Homs, na Síria, nesta terça-feira (27), no primeiro dia dos trabalhos de monitores de paz da Liga Árabe na cidade-berço de protestos no país, disseram ativistas.
Monitores árabes estão visitando Homs para determinar se a Síria está cumprindo um plano de paz que visa encerrar a violenta repressão de nove meses contra manifestantes contrários ao regime do presidente, Bashar al-Assad.
O grupo Observatório Sírio para Direitos Humanos disse que os manifestantes se reuniram em Khalidiya, uma das quatro regiões de Homs onde houve forte derramamento de sangue com o enfrentamento entre rebeldes armados e forças de segurança apoiadas por tanques.
A Liga Árabe enviou à Síria 50 observadores, de pelo menos oito países diferentes. Só nesta segunda, pelo menos 23 civis foram mortos pelas forças do governo.

Um dia antes de os observadores chegarem à cidade que é um dos principais centros do levante de nove meses, não havia nenhum sinal de que Assad estava implementando um plano acertado com a Liga para deter a repressão militar dos protestos e iniciar conversas com os adversários.

Um vídeo amador publicado por ativistas na Internet mostrou três tanques nas ruas, ao lado de apartamentos no distrito de Baba Amr. Um tanque usou sua metralhadora, enquanto outro disparou tiros de morteiro.

Imagens grotescas mostravam corpos mutilados largados em poças de sangue nas ruas estreitas. Fios elétricos estavam caídos e carros estavam queimados, como se tivessem sido atingidos por morteiros.

Com uma insurgência armada cada vez mais ofuscando os protestos civis, muitos temem que a Síria esteja à beira de uma guerra sectária da maioria sunita contra a minoria alauíta, de Assad - uma ramificação do islamismo xiita -, especialmente após um duplo ataque suicida em Damasco na quinta-feira (22), que matou 44 pessoas.

Partes de Homs são defendidas pelo grupo Exército da Síria Livre, formado por desertores das Forças Armadas, que dizem que tentam estabelecer áreas de acesso proibido, para proteger os civis.

O Observatório Sírio para Direitos Humanos, sediado na Grã-retanha , documentou nomes daqueles que teriam morrido em confrontos nesta segunda-feira, os quais começaram com ataques e prisões realizadas pelas forças pró-Assad, o que também teria ocorrido em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, que havia sido poupada da revolta até recentemente.

A televisão estatal síria tem regularmente mostrado algumas áreas da cidade que aparentam tranquilidade. Mas vídeo de ativistas publicado na Internet mostra outras partes parecendo uma zona de guerra, com ruas vazias, corpos e fachadas de casas destruídas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Assembleia Geral da ONU condena direitos humanos na Síria (Postado por Lucas Pinheiro)

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução, nesta segunda-feira (19), condenando os direitos humanos na Síria, onde a repressão do governo a protestos deixaram mais de 5.000 mortos, segundo estimativas da ONU.

A resolução foi aprovada por 133 votos a favor, 11 contra e 43 abstenções. O embaixador sírio na ONU disse que a resolução é parte de um complô "diabólico" contra seu país.

A condenação foi aprovada, enquanto o Conselho de Segurança da ONU iniciou negociações em separado sobre uma proposta de resolução russa que condenará a violência dos dois lados do conflito.

Para os países ocidentais, o projeto russo é desequilibrado porque compara a violência da oposição com a violência do governo.

Na segunda-feira, a Síria prometeu total cooperação com a Liga Árabe e aceitou permitir uma missão de observação para monitorar um acordo com vistas a por um fim ao banho de sangue.

Os enviados ocidentais nas Nações Unidas afirmaram que o compromisso sírio seria levado em consideração durante as conversas, mas expressaram dúvidas de que seja executado.

"Tudo se trata da implementação", afirmou o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, antes das conversações.

Em outubro, Rússia e China vetaram uma resolução proposta por países europeus que condenava a repressão do governo do presidente sírio, Bashar al-Assad.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Tunísia lembra início da revolução há um ano que derrubou Ben Ali (Postado por Lucas Pinheiro)

Milhares de tunisianos, incluindo o presidente Moncef Marzuki, se reuniram neste sábado (17) em Sidi Buzid para comemorar o primeiro aniversário da revolta popular iniciada com a imolação de um vendedor ambulante na cidade.

Ao amanhecer, milhares de pessoas procedentes de várias cidades do país se uniram aos habitantes de Sidi Buzid, uma zona pobre do centro-oeste da Tunísia onde o jovem Mohammed Buazizi ateou fogo em si próprio no fim de 2010.

Naquele dia 17 de dezembro, pouco antes do meio-dia, ocorreu uma discussão entre Mohammed Buazizi, de 26 anos, vendedor ambulante não autorizado, e Fayda Hamdi, agente municipal de 45 anos, que confiscou suas mercadorias. Duas horas mais tarde, o jovem ateou fogo em si mesmo em frente à prefeitura de Sidi Buzid, e as primeiras manifestações tiveram início.

Os protestos, que inicialmente tomaram apenas as ruas da cidade, posteriormente se estenderam a todo o país, criando um movimento que no dia 14 de fevereiro obrigou o presidente Zine El Abidine Ben Ali a abandonar a Tunísia após 23 anos no poder.

A revolução tunisiana inspirou outros povos da região, como Egito ou Líbia, que também derrubaram seus líderes.

"Obrigado a esta terra, marginada durante séculos, por ter devolvido a dignidade a todo o povo tunisiano", disse o novo presidente, Moncef Marzuko, ao se unir ao povo no centro da cidade.

O centro de Sidi Buzid estava decorado com bandeiras tunisianas, retratos de vítimas da revolução e uma foto gigante de Buazizi. Militantes de direitos humanos tunisianos e de outros países árabes e membros da Assembleia Constituinte utilizaram o microfone para homenagear todos os mártires da revolução.

"Olho ao redor e vejo na multidão muitos jovens que desafiaram as balas da polícia de Ben Ali no ano passado para defender os valores da liberdade e da dignidade", disse à AFP Sabrine Ammari, uma ativista pró-direitos humanos.

Nas manifestações que levaram à queda de Ben Ali morreram cerca de 300 pessoas, segundo números da ONU.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Tropas da Síria têm ordem de atirar em manifestantes, denuncia entidade (Postado por Lucas Pinheiro)

Comandantes do Exército da Síria ordenaram aos soldados que interrompessem os protestos contra o presidente Bashar al Assad "por todos os meios necessários", frequentemente dando instruções explícitas para que disparem contra manifestantes, disse a entidade Human Rights Watch nesta quinta-feira (14).

Em um relatório baseado em dezenas de entrevistas com desertores do Exército e da inteligência síria, o grupo citou um soldado das forças especiais que disse que sua brigada recebeu a ordem de "usar quantas balas quisesse" contra os manifestantes na província de Deraa, no sul do país, em abril.

Um dos franco-atiradores na cidade de Homs disse que seus comandantes ordenaram que uma porcentagem específica de manifestantes deveria morrer. "Para 5.000 manifestantes, por exemplo, o objetivo seria 15 a 20 pessoas", disse ele ao Human Rigths Watch (HRW).

A Organização das Nações Unidas afirma que 5.000 pessoas foram mortas na repressão de Assad contra os protestos que começaram em março, inspirados por levantes que derrubaram três líderes árabes.

Assad negou na semana passada que tenham sido dadas ordens "para matar ou recorrer à brutalidade". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Síria disse que as forças de segurança estavam claramente instruídas a não usar munição de verdade.

Mas segundo o HRW, todos os desertores ouvidos disseram que seus comandantes ordenaram que eles parassem os protestos "por todos os meios necessários" - uma frase que entenderam como autorizando o uso de força letal.

Cerca de metade dos desertores disse que as autoridades também deram ordens diretas para dispararem contra manifestantes ou observadores, e garantiram a eles que não seriam responsabilizados por isso.

"Nossa ordem geral era de matar, destruir lojas e carros nas ruas e prender pessoas", disse um soldado citado pela HRW, que desertou da Quinta Divisão do Exército da Síria.

Além de ordenar o uso de força letal contra os manifestantes, os comandantes militares e autoridades da área de inteligência também deram ordens para "prender, espancar e torturar" prisioneiros, disse o HRW.

"As declarações dos desertores não deixam dúvida de que as forças de segurança sírias cometeram abusos sistemáticos e disseminados, inclusive assassinatos, detenções arbitrárias e tortura, como parte de uma política estatal para alvejar a população civil. Esses abusos constituem crimes contra a humanidade", disse o HRW, pedindo que o Conselho de Segurança das Nações Unidas encaminhe a Síria ao Tribunal Penal Internacional.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Governo da Síria libera imagens de libertação de detidos em protestos (Postado por Lucas Pinheiro)

O governo da Síria divulgou nesta quinta-feira (1º) imagens da libertação, ocorrida na véspera, de 912 detidos durante os protestos contra o regime do presidente Bashar al Assad.

Os libertos "não derramaram sangue sírio", segundo a TV estatal.

As imagens mostram manifestantes explicando por que teriam tomado parte nos protestos.

Eles relatam que teriam recebido dinheiro e até drogas para protestar contra o regime.

Para a oposição, as imagens são forjadas para manipular a opinião pública a favor do governo.

A repressão a protestos contra o regime matou mais de 4.000 civis até agora no país, que está em estado de guerra civil, segundo a ONU.

A comunidade internacional aumenta a pressão sobre o regime de Assad.