terça-feira, 27 de março de 2012

Violência na Síria matou mais de 9 mil em um ano de protestos, diz ONU (Postado por Lucas Pinheiro)

Mais de 9 mil pessoas foram mortas na Síria desde o início da revolta contra o regime do presidente Bashar al Assad, segundo um novo balanço divulgado pelas Nações Unidas nesta terça-feira (27).

Segundo Robert Serry, enviado especial da ONU para a paz no Oriente Médio, estimativas "críveis" indicam mais de 9.000 mortos.

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos contabiliza, por sua vez, 9.734 pessoas mortas, sendo 7.056 civis e 2.678 soldados das tropas do regime.

Houve um aumento de quase mil mortes desde a estimativa anterior da ONU.

"A violência na região continuou sem cessar, resultando em um grande número de pessoas mortas e feridas", afirmou Serry, ao Conselho de Segurança da organização, formado por 15 nações.

"É urgente parar o confronto e evitar uma escalada da violência do conflito", disse

Serry também falou sobre o anúncio de Kofi Annan, enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, nesta terça-feira, de que o governo sírio havia aceitado o plano de paz com seis pontos proposto pelo ex-secretário-geral da ONU.

"Agora são necessárias medidas imediatas do governo sírio com relação aos seus compromissos e para demonstrar ao povo sírio que eles estão prontos para cessar a violência e para um processo político, questões sobre as quais (Annan) também falará com a oposição", disse Serry.

O embaixador do Reino Unido na ONU, Mark Lyall Grant, presidente do Conselho de Seurança neste mês, disse a repórteres que Annan irá fazer uma atualização sobre a situação da Síria ao conselho na segunda-feira, às 11h (horário de Brasília), provavelmente por videoconferência.

Em raro momento de união internacional, Rússia e China concordaram com o restante do Conselho de Segurança da ONU para apoiar os esforços de Annan de colocar fim ao conflito e endossar o plano de paz de seis pontos.

Rússia e China já vetaram duas propostas de resoluções que condenavam a tentativa de Assad de reprimir a oposição com o uso da força militar, mas concordaram em apoiar a declaração do conselho da semana passada, no que os diplomatas ocidentais disseram ter sido um golpe diplomático ao governo sírio.

O embaixador marroquino na ONU, Mohammed Loulichki, o único representante árabe no conselho atualmente, reagiu com cautela ao anúncio de Annan.

"Se o senhor Kofi Annan disse que recebeu uma resposta positiva, temos que ver essa resposta, e acho que todos irão avaliá-la", disse ele a repórteres.

O embaixador alemão, Peter Wittig, se mostrou cético.

"A Síria tem uma história de lacunas de credibilidade", afirmou. "A Declaração Presidencial que adotamos na semana passada contém um apelo muito claro para que os sírios detenham a violência, interrompam os avanços, parem de usar armas pesadas e comecem a recuar."

"Não temos visto isso em solo", disse Wittig.

Assad prometeu no ano passado ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que iria suspender as operações militares contra os manifestantes civis, mas suas forças de segurança continuaram a esmagar manifestações contra o governo em todo o país.

sábado, 17 de março de 2012

Duplo atentado mata pelo menos 27 na capital da Síria, diz governo (Postado por Lucas Pinheiro)


Pelo menos 27 pessoas morreram e 97 ficaram feridas neste sábado (17) em duas explosões que atingiram prédios oficiais em Damasco, capital da Síria, segundo o ministro da Saúde, Wael al-Halki.

Dois edifícios das forças de segurança da Síria foram alvos de explosões.

Segundo o ministro, o atentado matou principalmente civis.

A agência oficial de notícias Sana informou que dois carros-bomba explodiram em Damasco, em ações qualificadas de "terroristas".

A TV síria mostrou imagens de corpos carbonizados e diversos destroços materiais, além de grandes colunas de fumaça no lugar dos atentados.

O primeiro dos ataques teve como alvo a sede da Inteligência Aérea, situada no norte da capital síria, enquanto uma segunda explosão foi ouvida por volta das 7h40 locais (2h40 de Brasília) em um edifício da Segurança Criminal, no oeste da cidade.

"Minha família está bem, mas as janelas da minha casa ficaram totalmente destruídas. A explosão foi terrível", disse uma mulher que vivia na Praça Tahrir, perto do complexo de segurança.

O opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou em um comunicado que vários membros das forças de segurança morreram e outros ficaram feridos nas explosões.

Damasco voltou a ser cenário de atentados, apesar de ter mantido relativa calma desde a eclosão da rebelião contra o contestado presidente sírio, Bashar al Assad, em março do ano passado.

Condenada pela comunidade internacional, a repressão à revolta já deixou pelo menos 8.000 mortos no país, segundo balanço da ONU.

Mas o número de mortes pode ser bem maior, segundo vários relatos.

Em dezembro passado, pelo menos 40 pessoas morreram na capital em dois ataques suicidas com carros-bomba que explodiram de maneira quase simultânea nas imediações de dois edifícios da Segurança Central, em um ataque que as autoridades atribuíram à organização terrorista da al-Qaeda.

O país também vive uma guerra de informações, com a imprensa impedida de circular livremente, e governo e oposição divulgando dados frequentemente contraditórios sobre enfrentamentos.

A oposição acusa o governo de estar por trás de vários atentados.

Já o regime acusa grupos terroristas de terem se aproveitado de protestos para "desestabilizar" o país.

Aleppo
Também neste sábado, dois policiais morreram e três ficaram feridos em um tiroteio com homens não identificados na província de Aleppo, no norte do país, informou o OSDH.

sábado, 10 de março de 2012

Kofi Annan se reúne com Assad para tentar mediar crise síria (Postado por Lucas Pinheiro)

O enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, reuniu-se na manhã deste sábado (10) em Damasco com o presidente sírio, Bashar al-Assad, para tentar estabelecer as bases de um diálogo com a oposição. O encontro transcorreu em "um ambiente positivo", segundo informou a agência de notícias oficial síria, Sana.

Assad disse que nenhum diálogo político pode ter sucesso em seu país enquanto "grupos terroristas armados" estiverem operando. Durante a reunião, o presidente Assad disse que a Síria apoia "qualquer esforço honesto para encontrar uma solução".

Ex-secretário-geral da ONU, Annan tem como missão promover o diálogo entre as autoridades sírias e a oposição para encontrar uma saída negociada à crise político-social que começou há um ano com protestos populares pacíficos e se agravou nos meses seguintes com a mobilização armada da população.

No entanto, a oposição síria rejeita negociar com o regime Assad, pois considera que um diálogo só daria mais tempo às autoridades para continuar com a repressão dos protestos.

Além de se reunir com Assad, o ex-secretário-geral da ONU deve manter contatos com representantes da sociedade civil síria. Ele também prevê se encontrar com líderes da oposição exilados, mas isso só depois de deixar o país.

Annan iniciou conversas com Assad para tentar estabelecer bases a um diálogo entre as partes envolvidas no conflito político interno. Enquanto isso, no Cairo, os ministro das Relações Exteriores da Liga Árabe se reúnem neste sábado com o chanceler russo, Sergei Lavrov, que insiste na rejeição a uma hipotética intervenção militar estrangeira na Síria.

Segundo dados da ONU, mais de 7,5 mil pessoas morreram na Síria desde o início dos protestos há um ano, mas os opositores elevam esse número a mais de 8,5 mil.

Na quinta-feira, Annan enfatizou a necessidade de manter a via diplomática e alertou sobre as consequências de uma hipotética intervenção militar na Síria que, em sua opinião, só pioraria a situação. "Acho que qualquer aumento das operações militares causaria uma deterioração da situação e a pioraria".

segunda-feira, 5 de março de 2012

Conflitos entre soldados e al-Qaeda deixam mais de 100 mortos no Iêmen (Postado por Erick Oliveira)

O número de soldados mortos em confrontos com combatentes da al-Qaeda subiu para 78 nesta segunda-feira (5), no Iêmen, segundo fontes médicas e militares. Dezenas de soldados estão feridos, segundo o exército iemenita.
As ações começaram no sábado (3) por meio de atentados suicidas e seguiram com a tentativa do grupo terrorista de conquistar posições do exército do Iêmen, segundo fontes oficiais. De acordo com autoridade do exército, cerca de 25 militantes muçulmanos morreram.
A campanha contra a al Qaeda é uma das principais exigências feitas ao novo líder do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, por Washington, que apoiou a sua sucessão e vem travando sua própria campanha de assassinatos por ataques aéreos de aviões não tripulados contra supostos membros do grupo terrorista. O sul do país, local dos confrontos, é um território instável perto das rotas de transporte de petróleo pelo Mar Vermelho. Moradores e autoridades locais disseram que carros explodiram perto de postos militares nas entradas sul e oeste da cidade de Zinjibar, perto do Golfo de Aden.
O Exército do Iêmen enviou reforços para Zinjibar após as explosões. Médicos de um hospital militar em Aden disseram que os corpos dos soldados foram levados para lá e que havia dezenas de outros feridos. Eles disseram também que o número de vítimas fatais provavelmente aumentará.
Os ataques enfatizam os desafios que o presidente Hadi está enfrentando, enquanto tenta estabilizar o Iêmen, depois de um ano de protestos contra o seu antecessor, Ali Abdullah Saleh e desavenças entre os militares, que deixaram o Iêmen à beira da guerra civil.
Os meses de protestos contra Saleh enfraqueceram o controle do governo central sobre vastas áreas do Iêmen e beneficiaram os militantes ligados à al Qaeda, principalmente um grupo chamado Ansar al-Sharia, que expandiu sua presença no sul.
Uma mensagem de texto supostamente enviada pelo grupo dizia que eles tinham usado carros-bomba para começar os ataques de domingo. Ansar al-Sharia disse que matou mais de 50 soldados, capturou dezenas de outros e que apreendeu armas e equipamentos, incluindo um tanque e um canhão antiaéreo.
Zinjibar tem sido palco de constantes confrontos entre o Exército e os combatentes islâmicos, que tomaram a cidade durante vários meses no ano passado. O governo disse em setembro que havia "libertado" Zinjibar das mãos dos militantes, mas os confrontos continuaram.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Conselho de Direitos Humanos da ONU condena Síria por violência (Postado por Lucas Pinheiro)

O Conselho de Direitos Humanos da ONU condenou a Síria nesta quinta-feira (1º) por violações generalizadas e "cada vez mais graves" que podem equivaler a crimes contra a humanidade e pediu o fim dos ataques contra civis.

Num debate de urgência, o fórum de 47 membros aprovou a condenação, que não tem efeitos práticos, com 37 votos a favor, três contra (China e Rússia, aliadas da Síria, além de Cuba) e três abstenções (Equador, Índia e Filipinas).

A resolução aprovada foi apresentada pelos países do Golfo Pérsico, com apoio das potências ocidentais.

Quatro delegações não participaram da votação.

A representante dos Estados Unidos, Eileen Chamberlain Donaho, disse que os países que votaram contra a resolução estão "na contramão da história".

O texto também pede que o regime do contestado presidente Bashar al Assad dê autorização de "acesso sem obstáculos" para as agências humanitarias atuarem na região.

Rússia e China, que vetaram por duas vezes resoluções do Conselho de Segurança da ONU, são aliadas do regime de Assad.

A repressão aos protestos contra Assad já matou mais de 7.500 no país desde março de 2011, segundo a ONU.

'Violações sistemáticas'
O texto condena "as violações disseminadas e sistemáticas dos direitos humanos e liberdades fundamentais por parte das autoridades sírias", incluindo bombardeios que mataram "milhares de inocentes civis" nos últimos meses, além de execuções, assassinatos e perseguições de manifestantes, detenções arbitrárias e imposição de entraves ao atendimento médico.

Ele cita também as mortes de jornalistas estrangeiros na Síria, e manifesta preocupação com a deterioração da situação humanitária, fazendo um apelo para que as populações sitiadas tenham acesso a alimentos, medicamentos e combustíveis.

Ele salienta também a importância de responsabilizar os culpados pelos crimes, "inclusive aquelas violações que possam equivaler a crimes contra a humanidade".

A delegação síria boicotou o debate no Conselho de Direitos Humanos. Seu embaixador junto à ONU já havia saído intempestivamente do recinto na terça-feira.

É a quarta vez desde abril que o conselho, que tem autoridade moral, mas nenhuma força legal, condena a Síria.

Em discurso após a votação, o diplomata russo Vladimir Zheglov disse que a resolução é "mais um exemplo de abordagens políticas tendenciosas para a situação da Síria sendo impostas por alguns países".

No mesmo dia da votação, as forças do governo sírio voltaram a bombardear um reduto oposicionista em Homs, no que parece ser a ofensiva final após mais de três semanas de cercos e ataques, segundo ativistas. Os rebeldes deixaram o local, no que chamaram de "retirada estratégica".

A resolução teve como base um relatório, coordenado pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que apontou abusos na Síria e os atribuiu aos "mais altos escalões" do regime do presidente Bashar al-Assad.