Visita de Hillary a Angola é marcada por ajuda e sugestões
Lisboa, 10 ago (Lusa) - A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deixou na sua "histórica" visita Angola novas ajudas ao desenvolvimento, mas também sugestões ao Governo angolano, em matérias como direitos humanos e eleições presidenciais.
Não houve declarações após o encontro com o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, na Cidade Alta, mas, num momento em que as eleições presidenciais continuam sem data definida, Hillary Clinton lançou o "assunto eleições" nos seus contatos.
"Esperamos que Angola vá capitalizar a realização no ano passado das eleições [legislativas] e que vá adotar a nova constituição, investigar e punir os crimes de abuso dos direitos humanos, e realizar a tempo as eleições presidenciais", disse Clinton, no domingo, no final de uma reunião com o seu homólogo angolano, Assunção dos Anjos.
Por seu lado, Assunção dos Anjos declarou que Angola se tem empenhado de forma "decisiva" no respeito pelos Direitos Humanos e no aumento de estruturas para erradicar a pobreza e elevar a qualidade de vida das populações.
A agenda da visita de 24 horas da secretária de Estado norte-americana incluiu também encontros com o presidente da Assembleia Nacional e com os líderes das bancadas parlamentares, com a oposição a aproveitar para fazer ouvidas as suas queixas.
"Há grosseiras violações dos Direitos Humanos. Não há separação efetiva de poderes entre órgãos de soberania. A Comissão Nacional Eleitoral (?) não é independente, sendo a sua composição excessivamente partidária e os seus atos manipulados. Não existe pluralismo na comunicação social do Estado", disse Alda Sachiembo, da Unita, maior partido da oposição.
O líder da bancada do partido majoritário, MPLA, Bornito de Sousa, assegurou a Hillary Clinton que o parlamento vai continuar a "desempenhar um papel ativo" na fiscalização do Governo, na redistribuição da riqueza nacional e no alargamento das oportunidades de negócios.
Referindo-se à necessidade de boa governança em Angola e elogiando os efeitos positivos da paz alcançada no país em 2002, assim como os passos que o país deu para melhorar a transparência e combate à corrupção, Hillary Clinton mostrou disponibilidade dos EUA para uma "parceria estratégica".
Questões
A secretária de Estado norte-americana apontou o setor da energia, com destaque para as renováveis, a agricultura e prevenção da malária, ao mesmo tempo que disse contar com o apoio das autoridades de Luanda para afirmar a segurança na África Austral.
Hillary Clinton visitou o Hospital Esperança, unidade especializada no tratamento da Aids, e anunciou um aumento, de US$ 7 milhões para U$ 17 milhões, do apoio à prevenção e combate à Aids em Angola
No domingo, a organização não-governamental americana de apoio às pequenas e médias empresas Clusa, a petrolífera Chevron e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) assinaram também um memorando de entendimento para o desenvolvimento agrícola.
Em declarações à imprensa no aeroporto de Luanda, o embaixador dos Estados Unidos em Angola, Dan Mozena, definiu como "histórica" a visita de Hillary Clinton, no sentido de ter havido "muitos progressos" no fortalecimento das relações bilaterais.
"Ela está a sair deste país com uma impressão construtiva de Angola", disse Dan Mozena aos jornalistas.
Hillary Clinton deixa Luanda em direção à República Democrática do Congo, quarta etapa do seu périplo na África, depois de Quênia, África do Sul e Angola, que termina no dia 14 em Cabo Verde.
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