Capitão do Exército deserta e desafia regime egípcio
Fernando Duarte, O Globo
Nesta segunda-feira, o até agora anônimo oficial, que a imprensa internacional vinha comparando ao caso do manifestante chinês que parou uma fileira de tanques durante a invasão da Praça da Paz Celestial, em 1989, foi finalmente identificado como Ehab Fathy, de 33 anos.
Dois dias depois de protagonizar a primeira deserção pública de um oficial egípcio, ele reapareceu na praça ainda vestindo seu uniforme. Provocou um furor quase igual ao observado na noite anterior pela presença do nome mais conhecido da oposição egípcia, o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei.
Fathy foi agarrado e beijado pelos manifestantes. E não hesitou em insinuar que mais colegas de caserna poderão se juntar a ele nos próximos dias.
- Deixei meu posto para vir com vocês, pois sou contra Hosni Mubarak. Muita gente nas Forças Armadas sabe julgar e ser justo - afirmou o capitão, em árabe, sendo auxiliado por um manifestante que se esforçava para traduzir suas declarações ao inglês.
Mesmo que não comande uma rebelião, Fathy já despertou admiração suficiente junto ao público egípcio, sobretudo por ter ignorado o risco de prisão ou mesmo de punições mais severas com sua deserção e com o retorno à cena do crime.
O capitão, porém, disse não temer represálias e um julgamento militar:
- Até as Forças Armadas se organizarem para uma Corte Marcial, o regime de Mubarak já terá caído.
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