População desafia toque de recolher no Cairo; cidade registra saques
Além da violência causada pelos protestos, a insegurança também domina as ruas da capital egípcia nos últimos dias. Saques e assaltos viraram rotina na cidade, fazendo com que comerciantes adotem medidas extras de segurança.
Com a falta de policiais nas ruas, alguns moradores do Cairo estão fazendo as vezes de controladores de trânsito nas ruas da capital egípcia, em meio à onda de protestos que pedem a saída do presidente.
A maioria dos policiais na cidade está aquartelada, depois que os manifestantes elegeram as forças policiais como um dos seus principais alvos. Vários departamentos de polícia foram incendiados na capital do Egito desde que os protestos começaram.
Já o exército, que ocupou as ruas do Cairo depois que as manifestações se intensificaram, está exercendo poder de polícia, mas não executa todas as funções rotineiras dos policiais - entre elas, a fiscalização do tráfego.
O toque de recolher foi remanejado para começar às 16h (horário local, meio-dia em Brasília) e terminar às 8h de domingo (4h em Brasília) no Cairo e nas cidades de Alexandria e Suez.
As forças armadas do Egito alertaram que aqueles que violarem o toque de recolher estarão em perigo. Foi emitido um comunicado pedindo que as pessoas não façam saques e que não promovam o caos.
A praça Tahrir, localizada no centro do Cairo e principal concentração dos protestos na capital, ficou tomada de manifestantes durante todo o dia. No entanto, os soldados e os veículos blindados enviados para o local não entraram em ação.
A extensão do toque de recolher foi anunciada logo depois da renúncia do gabinete de governo, apresentada neste sábado.
Mubarak já empossou o chefe de Inteligencia egípcio, Omar Suleiman, como vice-presidente - cargo que nunca havia sido ocupado nos 31 anos de seu governo.
Já o novo primeiro-ministro será Ahmed Shafiq, que antes ocupava o Ministério da Aviação. Ele ficará responsável por formar o novo gabinete.
Houve confrontos envolvendo manifestantes perto da sede do Ministério do Interior, na capital, neste sábado. Fumaça também podia ser vista na sede do NDP, o partido de Hosni Mubarak, que foi incendiada na madrugada deste sábado.
Autoridades da área da saúde afirmam que pelo menos 74 pessoas morreram no Egito desde que os protestos tiveram início, na última terça-feira. Há pelos menos dois mil feridos.
"Projéteis de verdade foram disparados contra os manifestantes, mirando as suas cabeças", disse o médico Yaser Sayyed, do Hospital Sayyed Galal, ao serviço em árabe da BBC.
"Nós vimos mais de 20 casos de disparos com feridas de entrada da bala na frente do crânio e marcas de saída do outro lado, crânios fraturados (...) além dos ferimentos de tórax."
Também houve registro de confrontos e de saques nas cidades de Alexandria e Ismaília neste sábado.
Os serviços de telefonia celular foram retomados na capital egípcia, mas a internet continua bloqueada.
Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, convocou uma reunião de emergência para discutir a situação no Egito. Segundo a Casa Branca, Obama ressaltou a necessidade de Mubarak fazer reformas e mostrar comedimento.
Em um comunicado conjunto, os governos de Grã-Bretanha, Alemanha e França pediram que o presidente egípcio "evite a todo custo o uso de violência contra civis desarmados", e que os manifestantes "exerçam os seus direitos pacificamente".
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