Omar Suleiman, o ‘consigliere’ do presidente do Egito

Por isso, o papel que agora caberia ao general Omar Suleiman - chefe da inteligência egípcia há 18 anos e nomeado dias atrás como vice-presidente - seria, no máximo, o de condutor de uma transição para um governo interino até as eleições presidenciais de setembro próximo.
Com o ocaso político de Mubarak, Suleiman, encarregado do diálogo com a oposição, é atualmente o homem mais poderoso do país. Controla todas as forças de segurança - dos espiões aos militares e policiais - é o elo das Forças Armadas com o Parlamento e tem a simpatia do empresariado. Cuida, ainda, da alta diplomacia, tarefa que exerce há uma década, sempre na surdina.
Estados Unidos e Israel, seus principais interlocutores no exterior, confiam nele: apostam na habilidade de Suleiman para lidar com a delicada e explosiva situação do Egito - cuja instabilidade política afetaria diretamente, e de imediato, os interesses daquelas duas nações.
Velho amigo e confidente de Mubarak - um dos netos do ditador se chama Omar, em sua homenagem - Suleiman sempre foi tido como o número dois do governo, embora até dias atrás o cargo de vice-presidente permanecesse vago (há 30 anos). Até que as repentinas manifestações começassem, ele via crescer nos bastidores a perspectiva da qual discordava: Mubarak, de 82 anos, preparava o filho Gamal, de 47, para ser o próximo presidente.
A possibilidade de uma ditadura hereditária não agradava a Suleiman, apesar da extrema lealdade a Mubarak e de ser padrinho de casamento de Gamal. Tal alternativa não existe mais: o povo tem deixado isso claro nas ruas, e o próprio candidato potencial já se refugiou em Londres, com a família. Caso Mubarak resolva renunciar, Suleiman não herdaria a Presidência por muito tempo. Governos aliados e analistas dizem que o melhor que teria a fazer seria estabelecer um governo de transição, apresentando-se ao país como um negociador honesto.
- Conhecendo-o tão bem como o conheço, creio que Suleiman é perfeitamente capaz dessa tarefa. A questão que paira sobre ele agora é a seguinte: gostaria de sair de cena como saiu seu chefe, ou emergir como alguém que curou a nação, como o arquiteto que colocou o Egito numa nova era de sua História? - comentou Alon Ben-Meir, do Centro para Assuntos Globais, da Universidade de Nova York.
Curiosamente, Suleiman já era visto há tempos pelos EUA como a figura que agora desempenha. Num telegrama enviado a Washington em 2007, recentemente revelado pelo WikiLeaks, o então embaixador americano no Cairo, Francis J. Ricciardone, prenunciava uma mudança.
Ele escreveu que Suleiman seria pessoa-chave em qualquer cenário de sucessão "possivelmente como figura de transição"; e dizia ainda que ele negava qualquer ambição pessoal.
"Sua lealdade a Mubarak é sólida como uma rocha", escreveu o diplomata, que definiu Suleiman - aparentemente de forma jocosa - como "o consigliere de Mubarak", termo popularizado por Mario Puzo em "O Poderoso Chefão" para definir o homem de confiança e confidente de um chefe da Máfia, que além de aconselhá-lo o representa em reuniões importantes.
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